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Na última década os carros populares, em silêncio, perderam espaço no portfólio das montadoras, se restringindo apenas a dois modelos — o Fiat Mobi e o Renault Kwid.

Este parece ter vida curta, já que na apresentação mundial da Renault no início do ano, no mapa de novos lançamentos, modelos pequenos como o Kwid não estavam presentes, apenas o Dacia Kiger elétrico. Em fevereiro de 1993, quem imaginaria que baixar o IPI teria o poder de moldar todo o mercado automobilístico nas décadas seguintes?

O ano de 93 foi a data em que se assinou o protocolo do carro popular, que baixou o IPI (Imposto de Produtos Industrializados), a 0,1% para modelos com motor até 1.0 litro com o lançamento do Uno Mille da Fiat.

Conforme o balanço mensal de vendas da Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos) a participação dos carros 1.0 no Brasil em 2002 era de 53,3%, ante 35% em 2018, ajudando inclusive a política de renovar a frota brasileira, retirando das ruas modelos antigos, inseguros e gastões. Então por que os “carros populares” estão quase extintos no Brasil?

Em 2016, com o fim do IPI zerado para os modelos populares, cujo preço chegou um dia a sete mil reais, valor pago por este que escreve por um Corsa Wind (vento em inglês), zero km, com injeção eletrônica — aliás o Corsa foi o primeiro modelo brasileiro a estrear esse sistema, na década de 90. Com o acréscimo do IPI, esse oásis do mercado faz parte do passado.

Em 2021, sem o IPI zerado, esses modelos passaram a custar 5 vezes mais. Aí podemos colocar a obrigatoriedade por lei de espelhos retrovisores externos dos dois lados, cinto de três pontos para todos os ocupantes, ABS, encosto de cabeça, também para todos os ocupantes, etc. Mas esses pequenos acréscimos, a fim de garantir mais segurança e o mínimo de conforto para os ocupantes, justifica elevar os preços em cinco vezes?

Hoje, sem o Inovar-Auto, vencido em 2017, o qual garantia uma política automotiva séria, como acesso as melhores tecnologias e a produção nacional, esses modelos populares — que ajudaram o Brasil a atingir a marca de mais de 4 milhões de unidade produzidas e ser o quarto maior produtor de automóveis no mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Japão –, possam voltar a ser o astro principal para alavancar as vendas, inclusive de modelos mais caros.

E não ficar restrito apenas a dois automóveis: Renault Kwid e Fiat Mobi, ambos com motor 1.0 três cilindros, mas longe dos sete mil reais, de antes. O Kwid é o carro mais barato, custando na casa dos R$ 33.000,00. Será que já não passou da hora de uma nova política automotiva séria para o Brasil?

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